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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Brasil: uma das maiores economias do mundo.

Celso Ming
O Guardian – importante diário de Londres – publicou matéria nesta segunda-feira que já considera o Brasil a 6.ª maior economia do mundo, ultrapassando a do Reino Unido – segundo conclusões de consultoria privada inglesa. A “novidade”, no entanto, já constava em dados divulgados pelo FMI em setembro, mas pouca gente deu importância à projeção (veja a tabela).
O risco é o de que agora o governo de Brasília e o cidadão médio deem mostras de subdesenvolvimento e recebam a informação com doses excessivas de autolouvação – e, assim, se perca o senso de realidade.

Também em economia, o brasileiro tende a se considerar maioral. E, como no futebol, continua nutrindo a sensação de campeão do mundo. Lá pelas tantas, sobrevém a lavada de 4 a 0 do Barcelona em cima do Santos para devolvê-lo ao rés do chão. Assim, é preciso ver com objetividade notícias assim e a confirmação que virá mais cedo ou mais tarde.
Tamanho do PIB é como tamanho de caneca. E o Brasil é um canecão. Tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial. Natural que, mais dia menos dia, ultrapasse o tamanho da economia de países bem mais acanhados em massa consumidora e extensão.
Enfim, é necessário examinar esses conceitos não só pela dimensão da caneca, mas também pela qualidade de seu conteúdo. A renda per capita britânica, por exemplo, é mais de três vezes maior do que a do Brasil e a partir daí se começa a ver as coisas como realmente são.
A economia brasileira ainda é um garrafão de mazelas: baixo nível de escolaridade, concentração de renda, bolsões de miséria, déficit habitacional, grande incidência de criminalidade, infraestrutura precária, enorme carga tributária, burocracia exasperante, Justiça lenta e pouco eficiente, corrupção endêmica… e por aí vai.
É claro que isso não é tudo. O potencial é extraordinário não só em recursos naturais, como também em capacidade de inovação e de flexibilidade da brava gente.
Mas há a energia que domina um punhado de emergentes – e não só o Brasil. Enquanto o momento é de relativa estagnação dos países de economia avançada, é ao mesmo tempo de crescimento bem mais rápido das economias em ascensão.
Esse grupo, liderado pela China (que ultrapassou neste ano o Japão como 2.ª economia do mundo), responde hoje por cerca de 40% do PIB mundial, ou seja, por 40% de tudo quanto é produzido no planeta. É também o destino de nada menos que 37% do investimento global – registra levantamento do grupo inglês HSBC.
Tal qual em outros temas, estimativas variam de analista para analista. Mas é praticamente inexorável que, até 2050, pelo menos 19 emergentes estarão entre as 30 maiores economias do mundo.
Mais impressionante é a velocidade do consumo. Só a China incorpora ao mercado perto de 30 milhões de pessoas por ano. Na Ásia, a classe média – diz o mesmo relatório do HSBC – corresponde a 60% da população (1,9 bilhão de pessoas).
Boa pergunta consiste em saber se o mundo aguenta esse novo ritmo de produção e consumo.

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Estouro. Falta incluir os números de dezembro. É grande a probabilidade de que neste ano a inflação medida pelo IPCA estoure a meta (já admitidos os 2 pontos porcentuais de escape). Os levantamentos feitos em cerca de 100 instituições financeiras e consultorias pelo Banco Central apontam para inflação de 6,54%.

Por trás, a gastança. Embora não configure perda de controle, esse esticão é resultado da forte elevação das despesas públicas em 2010, ano de eleições, que o Banco Central acabou por tolerar.


 
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/2011/12/26/3452/ 

sábado, 17 de dezembro de 2011

Bilhete premiado: sonho e realidade



            Se por um lado presenciamos o desenvolvimento avassalador da tecnologia, por outro é estarrecedor verificarmos o crescimento do número de pessoas enganadas por fraudes das mais variadas possíveis. O que faz com que o bilhete premiado e as pirâmides continuem a fazer vítimas? Falta informação e sobra ambição? A hipótese é que a condição para a construção de uma sociedade com sujeitos conscientes, com uma formação sólida e significante associa-se a disseminação e formação de leitores. Afinal e conforme o filósofo Arthur Schopenhauer “ler quer dizer pensar com uma cabeça alheia, em lugar da própria”.
            Sem leitura de mundo temos a constatação do ditado popular que diz: “o dinheiro de trouxa é alegria do malandro”. A ambição, a ingenuidade, a insensatez e a falta de conhecimento são os ingredientes perfeitos que contribuem com a proliferação e fortalecimento dos estelionatários. Estes golpistas não fazem acepção de pessoas: as vítimas vão dos moradores de “barracos de lona preta” aos que residem nos condomínios luxuosos, dos catadores de materiais recicláveis aos médicos, advogados, professores e profissionais liberais. Com conversas envolventes os larápios conseguem fazer os incautos sacarem dinheiro da própria conta bancária e entregarem de bom grado aos seus algozes. Nesta esteira, vê-se a multiplicação do número daqueles que são ludibriados com a promessa de solução dos problemas econômicos. As manchetes nos noticiários são frequentes: “em 2009, na cidade de Ribeirão Preto uma aposentada teve um prejuízo de R$ 30 mil reais por cair no golpe do bilhete premiado”; “em Dourados-MS no dia 28 de julho de 2011 uma advogada de 65 anos foi usurpada em R$ 33 mil por acreditar nas palavras de um idoso e um casal de falsários”.
Sendo assim, nunca é demais repetir que as pirâmides são reinventadas a todo instante. Pode-se dizer que o esquema piramidal é um modelo comercial onde acontece a permuta de dinheiro por meio do recrutamento de outros indivíduos para fazer parte desta corrente de fidelidade. A vítima paga para entrar e espera em pouco tempo receber muito mais do que o capital inicial aplicado. Entretanto, o dinheiro percorre a cadeia e no final só o idealizador do golpe ou quando muito um pequeno número de pessoas consegue realmente tirar vantagens na trapaça de seus seguidores.  
Embora existam pirâmides que tiram vantagens de produtos autênticos elas, por si só, são ilegais e inautênticas. Para explicitar, vale lembrar que para os matemáticos é insustentável a progressão geométrica de um esquema em pirâmide clássico. Logicamente, a maioria dos golpes apresenta referências, testemunhos emocionantes e informações interessantes que faz com que o homem do senso comum sonhe com as promessas dos dias melhores: “vi o encanador que trabalhava de bicicleta entrar no esquema e meses depois dirigir uma camioneta nova. Só não entrei porque não tinha dinheiro suficiente”.
Portanto, vale enfatizar que não existe milagre no sistema capitalista. Isto é, para que alguns possam enriquecer facilmente outros precisam perder o dinheiro que certamente foi conquistado com muita dificuldade. Ou seja, “na sociedade atual, que é uma feira, que é um carrossel, todos individualmente podem vir a ser ricos (livres), mas, necessariamente, só poucos o virão a ser; a procura da propriedade, da herança individual, tem um vencedor contra dez mil vencidos” (Gramsci). Evidencia-se, deste modo, que a desconfiança no ganho fácil é sinal de lucidez.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Colégio Pacaembu e o voto aos 16 anos



A priori, numa época em que a democracia tornou-se sinônimo de eleição vê-se o acirramento das desigualdades sociais que ocasiona a maximização da prostituição, da criminalidade e a morte por inanição. Com resignação a “aldeia global” sofre com os reflexos da crise econômica, política e social na Grécia, Portugal e Espanha. Países que jogam na periferia do capitalismo europeu.  Neste mote, questiona-se sobre quais são as atribuições do parlamento perante o saque realizado nos cofres públicos para salvar o sistema financeiro? Perplexos os parlamentares nem são consultados e quando o são, não possuem poder decisório algum. É o rolo compressor da ditadura do capital impondo um Estado Mínimo para as questões sociais e Máximo para a petrificação dos interesses financeiros nacionais e internacionais.
Neste cenário, observa-se que a ideia do senso comum sobre política é muito negativa e isto afasta o “homem de bem” em favor daqueles que fazem da política a arte de administrar a “coisa pública” em função dos interesses particulares. Governos são eleitos sem a maioria dos seus eleitores. Pra piorar o povo não consegue acompanhar as ações dos eleitos. Infere-se, deste modo, que a representação transformou-se num cheque em branco onde a maioria até esquece em quem votou. Com isso, o político por profissão (que mais “acerta na loteria”, “superfatura obras públicas”, tem recursos para promover sua “visibilidade”, “doa cestas básicas”, “fortalece seus cabos eleitorais”) retorna ao poder a cada novo pleito eleitoral com “um pé nas costas”. Destarte, uma análise minuciosa é imprescindível e a escola não pode se furtar no exercício do seu papel. Na verdade, todas as organizações sociais são convidadas a corroborar na construção de uma sociedade onde a vida ocupe a centralidade. Somente assim poderemos fazer frente diante da crescente naturalização da transferência monumental dos recursos públicos para o setor financeiro.
A seguir, no pressuposto de que o campo político é um espaço de limites e possibilidades, se elenca alguma das considerações realizadas por estudantes do colégio Estadual Pacaembu, concernentes ao voto aos dezesseis anos. O debate foi realizado e não existe um consenso absoluto sobre essa temática. Assim sendo, conforme o ponto de vista das discentes Mikaela e Katiane “nesta faixa etária a maioria dos jovens só pensam em coisas fúteis, no modismo, no carro, na roupa, no cabelo, com a aparência. Assim não possuem muita maturidade e responsabilidade”. Por isso, as duas amantes do conhecimento colocam em dúvida (se vai ser bom ou ruim) a antecipação da maioridade eleitoral dos Jovens. Nesta esteira, Pâmela indaga acerca da responsabilidade do jovem votar aos dezesseis anos e, por outro lado, não poder tirar sua carteira de motorista. Segundo ela “o que é mais importante: o direito de dirigir ou o de eleger os representantes que direcionam o futuro do país?” No contraponto, assinalam Alessandra e Tiago que “o voto a partir dos dezesseis anos é justo, pois nesta fase de existência o cidadão já possui participação na comunidade e, por isso, precisa lutar por seus deveres e direitos”.
            Contudo é imprescindível recordar que a sociedade capitalista é eminentemente excludente e a superação de tal realidade é urgente. Neste sentido, o campo da política precisa ser potencializado em função da solidificação de novos caminhos para a humanidade. Nesta luta, o engajamento consciente da juventude é fundamental.