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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A identidade e a globalização




Em tempos de globalização o que mais se evidencia é a cristalização de um novo “processo civilizatório”. Trata-se de um movimento polissêmico intrínseco às questões sociais, políticas, culturais e econômicas. De fato, o desenvolvimento tecnológico propiciou o intercâmbio cultural numa velocidade até então inimaginável. Essa atmosfera globalizada interpelou subjetividades e passou a ditar com maior eficiência padrões comportamentais. Paralelamente e concomitantemente as implicações de âmbito individual, temos a ampliação das disputas por mercados onde conglomerados econômicos nunca satisfazem sua volúpia por mais poder. O conflito pela hegemonia se acirra e indivíduos, grupos sociais e estados rivalizam-se.
O parágrafo supracitado expõe em linhas gerais a situação na qual os seres humanos se encontram. Por isso discutir a formação da identidade (a formação do cidadão) na contemporaneidade tornou-se uma ação desafiadora. Em todo caso, quem pretende se aproximar do conhecimento de como os sujeitos são construídos, precisa compreender os pilares do liberalismo que são o livre mercado e o individualismo exacerbado. O primeiro é apregoado no sentido de inculcar a ideia de que é no mercado que as pessoas se desenvolvem e se realizam enquanto sujeitos. O segundo incute o desejo de privacidade, de intimidade onde o indivíduo tem preponderância aos fins sociais.
Inegavelmente e infelizmente, o que se descortina na atualidade é a cultura do descartável, do supérfluo. As informações midiáticas são tantas que o cidadão possui dificuldades para organizá-las. Mudanças frenéticas favorecem a divulgação de superficialidades: músicas que animalizam o ser humano ganham o mundo. Os impulsos momentâneos dão a direção para uma vida de consumo e que é consumida. O novo envelhece muito rápido. Tudo é fugaz. No desejo implantado do viver o agora e intensamente, o presente é desconectado do passado. O futuro pouco importa. Em suma, qual identidade pode ser formada quando tudo fica obsoleto em pouco tempo?
A identidade é formada numa conjuntura específica. Para onde o pós-modernismo liberal nos leva? Tudo é forçado a adequar-se aos padrões do mercado. No mundo do trabalho as mudanças ocorridas foram profundas. O trabalhador metamorfoseou-se flexível. Agora é obrigado a desenvolver muitas funções e a receber cada vez menos. Em nome da lógica do lucro, perspectivas de longo prazo dão lugar às incertezas. A instabilidade adentra nas relações sociais. Com a “individualização negativa” o risco é privilegiado e o senso coletivo é esfacelado. O trabalhador aliena-se de si e de seus semelhantes. Com isso a perda dos direitos trabalhistas é facilitada.
Em síntese, a inversão dos valores explica uma porção de acontecimento. Não é por acaso que a “Tim foi condenada a pagar R$ 500 mil reais por quebra de contrato (20/05/2012)”. Que isso sirva de lição para os administradores municipais. Em Cascavel, de modo particular, automóveis são vendidos sistematicamente e é necessário indagar: até quando nossas ruas e avenidas conseguirão abarcar tantos veículos? Como fazer para barrar o apagão no sistema de locomoção que se aproxima?
Continuar alheio a tudo isso. Ninguém é alienado por opção. É preciso desacelerar o cidadão, desprendê-lo do automático imposto por inúmeros compromissos. Feito isso, ele terá melhores condições de discernir de modo crítico o presente. Perceberá, por exemplo, que enquanto houver utilitarismo não haverá política de fato.

A história e a crise do capital




Na verdade é conveniente enfatizar que os instrumentos de comunicação autênticos são aqueles que buscam em toda ação jornalística expor para a população o que ocorre no mundo, sem preocupar-se em agradar fulano ou ciclano. A função do jornalista extrapola a socialização das informações. Sua ação visa conduzir o leitor a uma reflexão quando busca explicitar os fatos pertinentes em âmbito local, nacional e internacional.
O profissional da comunicação, de modo imparcial e com precisão cirúrgica, procura desvendar, por exemplo, os movimentos do capital e suas implicações para toda humanidade. Afinal, existe um número considerável de cidadãos que ainda consideram a crise econômica como uma invenção de sujeitos desocupados e mal intencionados. Esta constatação aumenta a importantância do estudo da história. Nela podemos notar que apesar da crise econômica ter revelado seus sinais nos Estados Unidos em 2007, esse episódio serve de alerta aos países de todo globo terrestre que encontram-se interligados em função do capital.
Pesquisas etimológicas acerca da palavra capital indicam que ela vem do latim capitale, palavra essa derivada de capitalis que significa “primeiro, chefe, principal”, que por sua vez vem do proto-indu-europeu Kaput e significa “cabeça”. Devido a isso, fica fácil perceber a afirmação de que tudo gira ao redor do capital. Destarte, ter o poder econômico é ter o poder político e cultural.
Que o digam os seus idealizadores, foi longo e deu trabalho a cristalização do sistema capitalista que entrou nos poros das mais diversas classes sociais. Com a queda do Muro de Berlim (1989) e o esfacelamento da URSS em (1991), ganhou força as ideias do Estado-unidense Francis Fukuyama de que havíamos chego ao fim da história. O capitalismo venceu.
Registra-se, todavia, a permanência das controvérsias. Apesar do sistema em questão assemelhar-se a um gato com muitas vidas ele encontra-se ameaçado. Recorda-se, neste mote, da Primeira Grande Crise ocorrida no início do secúlo XX e sua ligação com a Corrida Imperialista, com o liberalismo econômico (laissez-faire) e a concentração de riquezas nas mãos de alguns. A luta por colônias fornecedoras de matéria-prima e consumidoras de produtos manufaturados tornou-se crucial para a manutenção da ordem do capital. A solução encontrada foi a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Sem delongas, o fato é que em pouco tempo, o fantasma da crise retornou nos braços da Grande Depressão de 1929. Homens e mulheres perderam seus empregos na virada do dia, a Bolsa de Nova York despencou e o mundo inteiro sentiu os efeitos do colápso do capital. A solução desse impasse surgiu com a implantação do nazismo na Alemanha, o Varguismo no Brasil, o Fascismo na Itália. Decorrente dessa Segunda Crise do Capital a humanidade vivenciou os horrores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Temor e fé voltam a transparecer diante da Terceira Crise do Capital. A esperança é que o antídoto não seja mais a guerra. A saber, são milhares os artefatos nucleares espalhados pelos mais distantes recantos da terra e a utilização dos mesmos sinaliza para a extinção do próprio planeta. Como diz Albert Einstein (1879-1955) “não sei com que armas a Terceira Guerra Mundial acontecerá, mas a Quarta Guerra será lutada com paus e pedras”.
Unanimemente as causas da crise são várias. A suspeita é que a solução depende da transmutação dos valores em que o coletivo tem preponderância sobre o “egoísmo pueril e doentio”.

O Fogo e seu Revés




As Pedras-Filosóficas que estiveram no auditório da Faculdade esteticamente enfeitada no mármore (e as que assistiram pela televisão) perceberam a união das forças políticas (Foice, Tesoura, ‘Martelo’, Água, Areia e Vento), empenhadas em enfraquecer o Fogo na sua retórica metafísica. O objetivo era desnudar as peripécias daquele que havia feito do vilarejo serpentino uma empresa lucrativa para sua família e aliados. Na luta contra o poderoso Golias (dissimulado, falastrão e tergiversador) sobressaiu os descendentes de Davi.
            Na guerra verbalizada veio à tona o gargalo do trânsito, da educação, da saúde, da falta de segurança, do abandono das estradas rurais. Por diversos ângulos e diferentes enfoques discutiram o superfaturamento, as fraudes que inviabilizaram a realização de tantas outras obras. Do Fogo e seus comparsas foi cobrado o desfecho da CPI da propina (mensalão local). Por que somente na época das campanhas eleitorais as praças são feitas e os remédios são fornecidos indiscriminadamente? Se no tempo da Água 35 milhões foram destinados para o Contorno Oeste e 7 milhões para o Teatro Municipal, por que eles ainda não ficaram prontos? Quem sabe nas terras serpentárias exista a sangria do dinheiro público, logo, a união dos elementos tornou-se vital para contrapor-se a farra das divisas escusas que mantinham as Pedras-Periféricas na poeira, no barro e no abandono.
Mesmo diante deste quadro fraudulento e nojento, os favorecidos com o senhorio do Fogo comemoravam que a eleição estava ganha e no “papo”. Entretanto, depois daquele confronto discursivo os devotos mais próximos notaram que as coisas não seriam tão simples. A cada dia aumentava o número das Pedras-Formiguinhas que passavam a vislumbrar o feitiço do Fogo ganancioso e, neste mote, os “cães leais” observavam a diminuição da influência da crença: “Ele rouba, mas faz”.
Deste modo, o Fogo perdia seu brilho. Sua esperança permanecia baseada no postulado de que as Pedras-Trabalhadoras não pensam e que bastava continuar investindo no emocional. Isso explicava o fato de naquela região ecoar tamanha alienação: “se mil vezes o Fogo é candidato, mil vezes eu voto nele”. Nestas horas vale o ditado de que “algumas vezes o melhor jeito de convencer alguém que está errado é deixá-lo seguir seu caminho”.
            A nota dez, por obséquio, é auferida ao Vento que fez valer o dito popular de que “não está morto quem peleia”. Diante do gabar-se do Fogo de que iria emprestar milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ela veemente comentou: “[...] e se o dólar disparar quem vai conseguir pagar essa dívida. Ah! coitadinho dos cascavelenses”. O Fogo, nocauteado, parecia explodir de vermelhidão.
Sem sucesso o Fogo buscava queimar a Areia e derreter a Foice que se defenderam exemplarmente. Restava ainda ao Areia o desafio de desvencilhar-se do estigma de laranja. Do mesmo modo, a Foice (com suas propostas viáveis) precisava esclarecer aos seus iguais de que pode contribuir muito mais com o interesse do coletivo das Pedras-Cidadãs na dianteira do município.
            Como um guerreiro solitário o candidato Martelo alfinetou e chicoteou a todos. A Água quis endeusar-se e foi puxada pelos companheiros da união contra a corrupção. A Tesoura despediu-se elencando tudo o que faltava no Reino, inclusive administrador. Dentre outras coisas, este debate serviu para demonstrar que os apoiadores do Fogo só o fazem por ingenuidade ou por serem beneficiados direta ou indiretamente.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

As drogas, a escola e a sociedade




            Um dos problemas mais graves presentes na sociedade são as drogas. Pessoas das mais diversas categorias sociais encurtaram suas vidas por causa delas. Neste sentido, por ingerirem uma quantidade superior ao que o organismo pode suportar (overdose), Raul Seixas e Jimmy Hendrix se despediram de seus fãs.
Sendo assim, encaminhar para um hospital seres humanos em estado de convulsão (por conta da utilização indevida destas substâncias) é sinal de solidariedade. Obviamente, o dependente tem que saber dos riscos que o vício pode acarretar em seu viver, entre seus familiares e pessoas próximas. Na verdade, os indivíduos que se envolvem e se tornam dependentes das drogas se fragilizam. Eles se tornam “foras da lei” além de prejudicarem a própria saúde, suas relações interpessoais e a produtividade no trabalho. Há ainda o empobrecimento da capacidade de raciocínio do usuário que se transforma em alvo fácil da violência. Explicita-se, com base nos apontamentos, que ninguém se torna um “dependente químico” espontaneamente.
Os motivos que conduzem o indivíduo ao uso das drogas são vários. Por serem diversas as motivações é um equívoco a redução do consumo destas substâncias que causam dependência a um único fator. Aliado a isso é conveniente considera que a cada dia são produzidas drogas novas no intuito de driblar a fiscalização e conquistar “novos clientes”. O desafio é compreender a problemática das drogas a partir da totalidade da sociedade capitalista.
Na sociedade do consumo as drogas lícitas são incentivadas com propagandas sedutoras e podem ser comercializadas livremente entre pessoas adultas. Para o usuário o consumo destes produtos não acarreta embaraços com a polícia. Elas estão dentro da lei. Pelo contrário, as drogas ilícitas são aquelas que infringem a lei. Por se tratar de uma infração o usuário que porta ou consome é penalizado.
            No que tange aos seus efeitos, as drogas se classificam em: depressoras que atuam no sistema nervoso e provocam sensação de calma, sonolência, lentidão, porém alteram o raciocínio, a memória e a percepção da pessoa. Nesse caso temos as bebidas alcoólicas, os inalantes, os calmantes, a codeína etc. Há as drogas que são um estimulante para deixar o indivíduo mais ligado, em alerta, atento e com uma fala mais rápida. Nesse quadro, são citadas as anfetaminas, a cocaína, a nicotina, a cafeína. Em terceiro apresentam-se as drogas perturbadoras, pois distorcem e alteram o sistema nervoso central. Imagens e pensamentos do “ser inteligente” ficam embaralhados. A este grupo pertencem o exctasy, o cogumelo, o ácido lisérgico (LSD) e a maconha.
Todavia, é preciso reconhecer que vivemos numa organização social que por si só se encarrega de produzir seres humanos doentes em nome do lucro voraz. A miséria. O superfaturamento de obras públicas. A falta de emprego. A corrupção. A fome. A violência. A concorrência truculenta pelo mercado é uma de droga, pois não é nada humano empresas contratarem escravos modernos (vendedores) que viajam, preenchem relatórios na madrugada, se ausentam de seus lares, para depois escutar: “você não cumpriu as metas e não vai ser contratado”.
O papel da escola é o de esclarecer e prevenir. No entanto, ela não pode fazer muita coisa sem os recursos necessários para desempenhar bem a sua tarefa. Em suma, ela nem pode ficar sozinha nesta luta, pois a droga é uma produção da própria sociedade e é deplorável ver alguns políticos utilizando-se dela como trampolim eleitoral.