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quarta-feira, 23 de maio de 2012

A propaganda e a realidade




Gastar com propagandas em tempo de eleição virou uma regra. As despesas são exageradas. É preciso convencer o eleitor que pau é pedra e que a recíproca também é verdade. Busca-se com “a queima do dinheiro” (do ponto de vista do contribuinte perspicaz) moldar mentalidades, conquistar simpatias, somar pontos na formulação de um consenso, na maioria dos casos, que não condiz com a realidade existente. Logicamente tal disparate é resultado da crença de que “mentiras repetidas várias vezes se tornam verdades”.
Há quem diga que as ingenuidades são fomentadas no intuito de embaraçar a consciência do cidadão e atrapalhar a luta em torno do avanço democrático. Nota-se a dificuldade de um povo em exercitar o senso crítico frente a tantos apelos televisivos. Temos assim o aumento das injustiças sociais. Mas até quando as pessoas de bem irão aceitar o descaso com os recursos públicos utilizados de modo inadequado? A convicção mais profunda é que o cidadão encontra-se saturado e anseia pela instauração de uma sociedade mais justa e harmônica.
Impreterivelmente, com o passar dos anos, chegaremos num estágio em que os desvios de verba pública não serão mais toleráveis. Sobre a corrupção política, econômica e social Ferreira Gullar afirma: “... ela caminha com pés de borracha nos campos de meu país". Ou seja, o que mantém os “escorpiões do povo” é a certeza da impunidade e do esquecimento. Hoje vivemos a novela “Cachoeira” e amanhã? Infelizmente muitos dos ocupantes de cargos eletivos foram contaminados com o vírus do capitalismo exacerbado e não conseguem perceber as repercussões de sua prática individualista e imoral. Com isso, alimentam o “olho do furacão” e usurpam as oportunidades dos jovens que sonham em realizar-se no âmbito profissional e pessoal. Pergunta-se, numa sociedade interligada, pode o homem sozinho ser feliz?
Juntamente com essa indagação é contunde apartar-se das influências imediatistas sem antes submetê-las a um longo processo de investigação e amadurecimento. Entende-se que para uma visão mais ampla dos problemas atuais seja preciso uma postura dialética, isto é, ir da realidade para a teoria e vice-versa. Neste mote, enfatiza-se também a importância de se ter um senso crítico diante de cada partido. Saber sua história. Suas bandeiras. Compreender sua ideologia. Estes são alguns dos pressupostos para quem almeja fazer política com os “pés no chão”. Vale pensar, ainda, na afirmação de Leonardo Boff que diz: “os partidos partem”.   
Karel Kosik escreve que “a realidade não se deixa conhecer num simples olhar, caso assim fosse não haveríamos necessidade da ciência”. Assim sendo, fica o desafio de examinarmos as propagandas formatadas. Refletir sobre o dito e o feito. Por exemplo, o que pensar de administrações municipais que não priorizam o asfaltamento em bairros de periferia onde os cidadãos/eleitores nos dias de chuva convivem com o barro e nos dias de estiagem prolongada vivem o drama dos levantes de poeira? Se a educação é importante, por que ao contrário de Realeza, Foz do Iguaçu, Assis, Toledo/UTFPR, em Cascavel o IFPR continua no campo da intencionalidade? E o que dizer do Restaurante Popular? Se isso é administrar bem uma cidade, então, o que é uma administração ruim?
Literalmente, a dissecação do real não é uma tarefa fácil. O “fetiche da mercadoria” é potente. A alienação social é premente. As “cortinas de fumaça” se multiplicam. Por isso, talvez, a opção de muitos em viver “no país das maravilhas de Alice”.

A corrupção e o cidadão em época de eleição




            A cada dia que passa mais sujeitos começam a perceber que toda reclamação desacompanhada da práxis engajada com um projeto de efetivação cidadã, de nada adianta. A lamúria associada com a inércia é um ingrediente perfeito para que valores sociais, éticos e políticos sejam pulverizados pela dinâmica individualista, hedonista do mundo capitalista.
            Bem sabemos que a cultura baseada nas “questões umbilicais” representa uma ameaça para toda sociedade civil organizada. No limite, a revelia do sistema econômico fundado no lucro é uma ameaça ao globo terrestre explorado em suas riquezas naturais diuturnamente. Concomitante, o sujeito do cotidiano convive com a desonestidade de políticos que se utilizam de manobras demoníacas a fim de desviar milhões e milhões de reais. Destarte, burla-se a Constituição de 1988 descaradamente. Medidas provisórias são elaboradas repentinamente e tornam-se perenes. Soma-se a isso, a falta de punição aos vigaristas que ocupam cargos eletivos. Quiçá, isso explique o fato ocorrido recentemente na cidade de Londrina onde vereadores foram presos e aparecem com um sorriso no rosto, de bem com a vida, satisfeitos com suas malvadezas. Talvez estejam convictos que “tudo termina em pizza” e de que o prêmio é um cargo de confiança no âmbito da “politicagem”.
            Certamente, a saída para combatermos a desonestidade que impera entre os políticos passa pela mobilização dos cidadãos pertencentes aos mais diversos grupos sociais. Sem esclarecimento, união e organização da sociedade civil, “politiqueiros” permanecerão acima da lei por meio da manutenção dos curais eleitorais. Com pesar, observa-se que o cidadão beneficiado/alienado/comprado no varejo não consegue perceber as perdas no atacado - em última instância - para todas as categorias sociais.
            Diante disso, é didática a afirmação de que toda corrupção é promíscua, iníqua, ultrajante. Afinal, é necessário reconhecê-la como um empecilho para a efetivação da cidadania para então superá-la. De certa maneira, tais conluios são responsáveis pela aniquilação das oportunidades da nossa juventude em seu direito de educação com qualidade, de realização profissional.
            E, neste panorama, em Cascavel carecemos de um balanço do que foi realizado pela atual administração do município. Pode-se dizer que a população consciente anseia por explicações referentes ao caso dos “kits escolares”, “dos funcionários fantasmas” [...]. Na reta final, deste ano eleitoral, se evidenciam estratégias de cooptação dos eleitores. É o eterno retorno da lógica em busca do voto. Assim, se explicita as concessões salariais aos servidores municipais nos momentos finais da etapa do jogo político. Além disso, à exemplo da gestão anterior, há inúmeras frentes de trabalho: no autódromo, no aeroporto, na edificação de novas escolas e praças. Trabalhadores e máquinas estão dispersos em toda parte do município. Mas, por que essas coisas só acontecem em anos eleitorais? Perde com isso, o agricultor (minoria votante) que precisa utilizar-se dos próprios recursos para reparar os estragos das estradas rurais. Paradoxalmente, numa sociedade fragmentada, são muitos os cidadãos que possuem dificuldades para compreender que o problema do campo é da cidade também.
Finalmente, enfatiza-se o salutar aumento para mais de duzentos mil eleitores na “cidade das cobras”. Esta conquista favorece o debate, que por sua vez, potencializa a democracia e exige transparência para o bom exercício da cidadania.

A história e suas lições




            Maximiza-se a humanidade por meio de tudo o que foi pensado e transmitido no decurso da história. Os seres humanos estão em constante construção e a educação é responsável por toda humanização e desenvolvimento. Sem ela teríamos o eterno recomeço a partir do marco zero. Infere-se, por conseguinte, que o desenvolvimento social e pessoal liga-se ao processo de ensino-aprendizagem. A busca pelo saber instiga, desafia e nos enriquece.  Um passeio pela história do mundo antigo revela, dentre outras coisas, a magia e a beleza dos jardins suspensos da Babilônia, das pirâmides do Egito, da estátua de Zeus, do Colosso de Rodes e o farol de Alexandria. Estas realizações históricas continuam a inspirar a ciência na atualidade. Elas revelam o caráter inconcluso e dinâmico, em última análise, da vida e seu pulsar.
No período Medieval, por exemplo, é fascinante poder admirar as ruínas de Stonehenge, do Coliseu de Roma, da torre de Porcelana de Nanquim, das Muralhas da China, da Torre de Pisa e do Cristo Redentor. Na modernidade, o que dizer diante do Eurotúnel (ligação entre França e Inglaterra), da ponte Golden Gate (em São Francisco, Califórnia, EUA), da Usina Hidrelétrica de Itaipu, do Canal do Panamá? As riquezas dos detalhes, os cálculos matemáticos, a engenhosidade, a sensação do divino parece estar tão presente e distante ao mesmo tempo. Com efeito, o entusiasmo acontece naturalmente.
Os encantos são inúmeros. Mas, aliados a estes são gigantescos os dilemas que atingem o cidadão do mundo. A sociedade do capital, pautada no lucro e na concentração de riquezas superou o escravismo, o feudalismo. E, se a realidade muda ininterruptamente, uma teoria que não se renova corre o risco de tornar-se obsoleta num curto espaço de tempo. Daí a necessidade do estudo perene. Que nos diga as estonteantes e maravilhosas cachoeiras das Cataratas do Iguaçu.
            Por sua vez, rever as afirmações tidas como verdadeiras é um exercício de fundamental. A leitura de textos clássicos pode contribuir abundantemente neste processo, quando respeitado o contexto onde foram produzidos. Por sua vez, além da história contribuir na resolução dos problemas atuais, ela fornece um arcabouço de possibilidades para o gênero humano avançar cientificamente e humanamente. Entende-se, neste horizonte, o homem e a mulher como seres inacabados - caldeirões efervescentes - que são alimentados pela vontade de conhecer, de realização, de potencializar o viver ao extremo como se cada dia fosse o último.
            Que a crise do capital não fragilize a esperança que depositamos no amanhã.  O sistema capitalista ameaça desmoronar. O capital transita entre o trágico e o patético; é anacrônico. As manchetes dos noticiários multiplicam-se a cada instante: “Espanha está oficialmente em recessão”; “Ação do Bankia desaba e clientes retiram dinheiro”; “Juros da dívida sobem em Portugal, Grécia, Espanha e Itália”; “Por que razão a União Européia se agarra a Grécia falida?”; “Grécia sem dinheiro para pagar salários e pensões em junho”. Nota-se que a cada dia que passa aumenta a impressão de que nos aproximamos de um abismo aparentemente intransponível.
Referente a isso, talvez seja importante assinalar que em Cascavel observamos o crescimento da industrialização, o aumento dos empregos, apesar de todos os percalços políticos. Mas, não podemos dormir em berço esplêndido, pois o movimento da história evidencia que verdades, calcadas em solo firme, se esboroam diante do dinamismo social.