Em
Cascavel, ao caminhar pelas ruas do centro e da periferia, nota-se o esforço de
quem trabalha para ser fiel nas suas responsabilidades. São inúmeros os pais e
as mães preocupados em defender o sustento familiar e uma educação com
qualidade para seus filhos. São infindáveis os pequenos e médios empresários
que lutam para manter o seu comércio, a sua firma em atividade. São incontáveis
os sujeitos indignados e que aspiram por mudança. Esse é o caso da afirmação de
Herbert de Souza de que “o Brasil tem fome de ética e passa fome em
consequência de falta de ética na política”.
Nessa direção é
preocupante a mentalidade narcisista que favorece o espectro do capital, que vitimiza
seres humanos nos Estados Unidos, na Europa e nos espreita. Mapeamentos
sucintos demonstram que os pobres se encontram numa posição desfavorável e são os
principais reféns, por um lado, da crise econômica e, por outro, dos políticos
de carteirinha que usurpam o dinheiro público.
Estes são alguns
dos indicativos que explicam, em partes, o fato do cidadão (contribuinte) lutar
para manter seu patrimônio, enquanto aqueles que se dizem representantes da
população ficam cada vez mais ricos. De acordo com o Portal da Transparência,
de 2006 para 2008, entre as capitais, a Câmara Municipal de Fortaleza
apresentou a maior média de enriquecimento entre os vereadores pesquisados. Neste
quadro, fica a critério de cada um, querer saber qual foi o município
recordista de 2008 para 2012. Além disso, é um exercício inteligente buscar
anotar quem são os políticos corruptos e os que mais enriqueceram na dianteira
das administrações públicas.
Os desafios são de
todas as dimensões. Em tempos de eleição, aparecem seres iluminados que dizem
ter a solução. Trata-se das raposas velhas que a um bom tempo militam
(voluntariamente/remuneradamente) em favor de políticos eleitos, quem sabe, na
esperança de um dia chegarem eles mesmos a ocuparem o posto de destaque. De
qualquer modo, beneficiados pelo sistema, possuem trânsito livre por entre as
periferias da cidade. Com um discurso envolvente e com um carisma adaptado a
cada perfil comunitário, não titubeiam ao abraçar as pessoas humildes: crianças,
adultos e pessoas da melhor idade. As promessas são sistemáticas e corroam sua
empreitada beneficente.
No jogo de
interesses a “máquina federal, estadual e municipal” é uma arma poderosa. Em
âmbito local, temos o sujeito comum que declara amor eterno ao administrador
por ter suas dívidas com a prefeitura amenizada e, por vezes, zerada. Quando favorecido,
não se importa com quem multiplica seu patrimônio por meio da politicagem. Pelo
contrário, acaba por aderir à ideia do “rouba, mas faz”. Diga-se de passagem,
para aquele que possui apenas o trabalho para garantir a sobrevivência da
família, um abraço e um pouco de atenção, tem um valor simbólico enorme. Prolifera-se,
deste modo, o sujeito na aparência inconteste e que na realidade é um chamariz
de votos para garantir que ex-vereadores continuem a aumentar milagrosamente
suas riquezas na contramão da história e do equilíbrio social.
Interessados no voto, raposas velhas, realizam
um favor aqui e outro ali. Dominam a mente do eleitor e o colocam para
trabalhar gratuitamente, às vezes, ingenuamente. Eis a atualidade das palavras
de Raul Seixas: “é preciso ter cultura para cuspir nas estruturas”. Enquanto esse
dia não chega, a fantasia corporifica-se e os “escorpiões do povo” se regozijam
ás custas da miséria e da carência do cidadão.