Toda vida
tolhida é uma perda irreparável. Nós nunca estaremos preparados para nos
despedir das pessoas com quem convivemos, dialogamos, partilhamos da
experiência única e apaixonante do viver. Por isso, neste espaço o objetivo é
expor um pouco da existência iluminada de Lázaro Batista da Silva. Uma pessoa
que amava a simplicidade. O filho bem amado. O esposo ditoso. O pai fascinante.
O estudante dedicado. O professor brilhante. O filósofo engajado nas causas
sociais. O contador de piadas. O poeta das palavras fáceis que tocam a alma e
aquecem o coração.
Um
ser humano memorável. Em 2003 foi recordista brasileiro em quantidade de horas
complementares no curso de filosofia ao realizar 1.252 horas que não fazia parte
do exigido para a colação de grau. Aos 36 anos o recordista e trabalhador
iniciou o curso de filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste - Campus de Toledo) e concluiu no tempo previsto pela instituição que
é de quatro anos. A sua paixão e o gosto pelos estudos filosóficos foram
decisivos para que isso se cumprisse.
Para garantir a
sua sobrevivência e de sua família dedicava-se em dois empregos. Era professor
de filosofia e Fiscal da Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito (Cetrans).
Sindicalista, participava da direção regional da APP como Secretário de
Assuntos Jurídicos.
Fomos pegos de
surpresa. É triste algumas pessoas irem embora e nem dar tempo para a palavra
adeus. Não vai ser fácil esquecer o seu
caderno dobrado onde as poesias se materializavam. E agora fica a dor. A
angústia. A desolação de termos que nos encontrar assim para cumprirmos nossa
triste missão: conduzi-lo até aquela que um dia também será a nossa última
morada. É com muito pesar que ocorre a despedida daquele que enquanto caminhou
pela terra sempre escolheu fazer o bem. A cidade de Cascavel, a educação, os
amantes da poesia, os estudantes estão de luto.
Nestas horas de consternação,
de vazio, o que dizer? É difícil lidar com estas situações. Até o meio dia já
se observava na capela mortuária treze coroas de flores com a frase que resumia
este momento: “Saudades para sempre da família, do irmão...”. Sobraram abraços
de consolo, lágrimas e silêncio. O filho que põem o caderno e a caneta que o
poeta utilizava para escrever. Emocionada a filha é forte ao render homenagem e
ler as poesias do pai.
Quem era Lázaro?
Alguém que tinha muitos planos, projetos, metas, sonhos. Prestes a se aposentar
na Cetrans costumava dizer que pretendia viver da poesia, viajar, visitar,
conhecer o mundo. Excelente pai de família, a pedido de um de seus filhos
escolheu o Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira para lecionar. Com sua
maneira de ser despertou a juventude para a importância do pensamento, da
criatividade, do exercício do poetizar para o viver com autenticidade.
Por
isso, fica fácil compreender as inúmeras pessoas que se fizeram presentes para
o último contato, que ao final foi coroado com a chuva como se os céus também
chorassem por este ser humano extraordinário que por onde passou deixou marcas
do quanto é bom ser honesto. Seus escritos possuem um valor incalculável,
incomensurável, um legado que servirá de estímulo e inspiração às futuras
gerações. De originalidade inconteste foi um pensador perspicaz e um apaixonado
pela poesia que é vida:
“[...]
A poesia
É a semente
Da magia.
Você é um semeador
De letra
Ao calor da caneta.
A imaginação
O desejo
Desenho a imensidão
Que vejo” (Lázaro Batista da Silva).
Obrigado poeta...