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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O ano novo e o aumento salarial dos vereadores

            Vai levar um bom tempo para que os quase duzentos mil eleitores da cidade da serpente consigam digerir o golpe levado nas vésperas de natal onde um “time” bem articulado e que se diz “representante do povo” conseguiu aprovar um reajuste salarial de 55% elevando para quase 17 salários mínimos os proventos dos vereadores. Pergunta-se: por que querem tanto dinheiro? Vê-se que o problema nunca foi o número dos vereadores e sim a despesa com cada um deles.
Todavia, este fato nos leva a indagar sobre qual a diferença do ladrão que assalta a mão armada em “busca do pão” e daqueles que se utilizam do poder para aumentar o próprio salário num ato legal, porém, imoral? Como convencer o “pai de família” que sobre/vive com um salário mínimo que os quase dez mil reais destinados aos “legisladores” é justo? O que faz com que a manutenção da família de um homem público demande maiores recursos? Por que não é o cidadão quem estipula o quanto deve ser o honorário do fim de mês dos eleitos pela sua confiança? Sem explicações satisfatórias vivemos o deserto do real em que a confusão, a balburdia, o exercício da hipocrisia consegue confundir as massas ao ponto de transformar a honestidade em algo execrável.
            É da índole do “espírito capitalista” tomar os bens de seus semelhantes a título de reembolso. Faz parte da lógica do metabolismo do capital a concentração de fortunas nas mãos de uma minoria em detrimento da grande maioria empurrada para a mendicância, para a marginalidade, para a desolação. Com o “faz-me rir” - pela história temos a constatação - parece que tudo pode ser comprado: juízes de tribunais, desembargadores, senadores, advogados, esposas, médicos, amantes, prefeitos, sorvete, atenção, chocolate e voto. Quando estas “aves de rapina” irão perceber que o luxo e ostentação de alguns é a miséria de muitos? Membros cativos da congregação dos adoradores do dinheiro, muitos destes egoístas sentimentais talvez nem percebam que os alimentos que comem, que as belas vestimentas que usam, que o financiamento das grandiosas festas está manchado pelo trabalho dos inocentes, pelo tráfico de armas e pela prostituição infantil e juvenil. Elegantemente, em seus púlpitos discursam e buscam demonstrar que a pobreza é oriunda do álcool, do cigarro, da cocaína, na busca desesperada em anestesiar suas consciências sem irem à raiz de todos estes males.
Quem possui dificuldade para compreender ainda que minimamente o funcionamento da “gelatina” que é a nossa civilização recomenda-se a travessia da Ponte da Amizade e a visita ao Paraguai. Para viver as pessoas precisam ter o que comer e onde abrigar-se em busca de proteção. Por isso, vemos crianças, adultos e velhos vendendo mercadorias e na falta destas vendendo-se. Neste cenário, os lojistas comercializam roupas, enquanto os políticos vendem sua credibilidade, sua honra. Nesta via, até os poucos que saíram dos porões da sociedade e que ascenderam ao reino dos privilégios parecem estar dispostos a fazer qualquer coisa para neste novo mundo garantirem sua eternidade.
Do exposto ficam os votos para que no ano que vem (e nos outros que virão) cada cidadão possa se conscientizar que a mediocridade dos vereadores é proporcional a mediocridade de quem os elegeu e, assim, consigamos ultrapassar os limites do estômago e nos direcionar para algo mais valoroso, com mais estímulo para a efervescência da vida e desenvolvimento das capacidades criativas existentes em cada ser humano.

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