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sábado, 10 de setembro de 2011

Educação Especial na Sociedade Desigual

A educação não se explica por si mesma e ao longo da história foi construída de maneira articulada com as necessidades de produção e reprodução dos diversos modos de organização social. A educação coincide com a própria origem do homem, que não tendo sua existência garantida pela natureza precisou transformá-la e adaptá-la a si.
Nesta perspectiva, compreende-se que a educação especial integra a educação de modo geral e ambas relacionam-se dialeticamente com o todo social. Diante disso é relevante refletir sobre quais são os valores que regem a sociedade capitalista? E, mais ainda, pensar no que fazer para combater a inversão de valores em que o capital (dinheiro) suplanta a vida humana? Tais questionamentos são importantes, pois a hegemonia do capital faz com que ocorra a exclusão maciça das pessoas com deficiência do mercado de trabalho formal. Vivemos em uma sociedade de classes, seletiva e por excelência desigual e é no movimento contraditório do capitalismo que os possíveis avanços poderão ser efetivados por meio do tencionamento político, do desvelar da falácia da igualdade formal propalada na teoria e negada constantemente na prática.
Com base nas categorias de totalidade e contradição é indispensável a luta contra a segregação, a discriminação, a diferenciação. A lógica que busca excluir as pessoas com deficiência é a mesma que intenta contra o acesso à formação, ao conhecimento, uma vez que a educação (do povo) objetiva - no limite - a urgência de capacitação das pessoas para que o capital possa ser otimizado, maximizando a exploração do trabalho. Numa sociedade pautada na concentração de riquezas, na propriedade privada e fundada na alienação do trabalho, as pessoas com deficiência só são contratadas para trabalhar por força da lei e pela pressão dos movimentos sociais organizados, pois para o capitalista a produção é o que inclui ou exclui o trabalhador do mundo do trabalho.
Deste modo, na lógica concorrencial e meritocrática, a educação especial para progredir precisa da mobilização e do embate. A marginalização das pessoas em detrimento do acumulo de capital é constante e, por isso, somente com muita luta as pessoas (diferentes por natureza) serão tratadas de acordo com suas especificidades. A saber, as deficiências não são todas iguais e diferenciam-se em: Deficiência Física, Visual, Auditiva, Mental e Deficiências Múltiplas. Além disso, vale ressaltar que a deficiência não significa incapacidade de pensar, sentir, amar, trabalhar, sonhar, planejar, querer, construir. Como toda pessoa, algumas tarefas são por eles realizados com facilidade e outras com dificuldades. Assim sendo, destaca-se as palavras de Ana Paula - artista plástica de Cascavel - ao afirmar que “deficiente é quem tem a mente bloqueada. A minha vida só é diferente”.
            A superação dessa concepção de invalidez e - acima de tudo - a realização do enfrentamento dessa sociedade excludente implica (antes de qualquer coisa) na união das pessoas com e sem deficiência; mas que devido a sua posição social sofrem os efeitos nefastos da desigualdade econômica. É pela organização e pelo trabalho daqueles que são desrespeitados pelo sistema que, enfim, a realização da educação especial (inclusiva) sairá do plano do discurso para se efetivar no campo da materialidade. Portanto, a solução dos problemas colocados a educação especial passa pela união de todos os que se encontram a margem do sistema e sofrem injustiças.

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