A cada dia que passa
mais sujeitos começam a perceber que toda reclamação desacompanhada da práxis
engajada com um projeto de efetivação cidadã, de nada adianta. A lamúria
associada com a inércia é um ingrediente perfeito para que valores sociais,
éticos e políticos sejam pulverizados pela dinâmica individualista, hedonista
do mundo capitalista.
Bem sabemos que a
cultura baseada nas “questões umbilicais” representa uma ameaça para toda
sociedade civil organizada. No limite, a revelia do sistema econômico fundado
no lucro é uma ameaça ao globo terrestre explorado em suas riquezas naturais
diuturnamente. Concomitante, o sujeito do cotidiano convive com a desonestidade
de políticos que se utilizam de manobras demoníacas a fim de desviar milhões e
milhões de reais. Destarte, burla-se a Constituição de 1988 descaradamente. Medidas
provisórias são elaboradas repentinamente e tornam-se perenes. Soma-se a isso,
a falta de punição aos vigaristas que ocupam cargos eletivos. Quiçá, isso
explique o fato ocorrido recentemente na cidade de Londrina onde vereadores foram
presos e aparecem com um sorriso no rosto, de bem com a vida, satisfeitos com
suas malvadezas. Talvez estejam convictos que “tudo termina em pizza” e de que o
prêmio é um cargo de confiança no âmbito da “politicagem”.
Certamente, a saída
para combatermos a desonestidade que impera entre os políticos passa pela mobilização
dos cidadãos pertencentes aos mais diversos grupos sociais. Sem esclarecimento,
união e organização da sociedade civil, “politiqueiros” permanecerão acima da
lei por meio da manutenção dos curais eleitorais. Com pesar, observa-se que o
cidadão beneficiado/alienado/comprado no varejo não consegue perceber as perdas
no atacado - em última instância - para todas as categorias sociais.
Diante disso, é didática a afirmação
de que toda corrupção é promíscua, iníqua, ultrajante. Afinal, é necessário
reconhecê-la como um empecilho para a efetivação da cidadania para então
superá-la. De certa maneira, tais conluios são responsáveis pela aniquilação das
oportunidades da nossa juventude em seu direito de educação com qualidade, de
realização profissional.
E, neste panorama, em
Cascavel carecemos de um balanço do que foi realizado pela atual administração
do município. Pode-se dizer que a população consciente anseia por explicações
referentes ao caso dos “kits escolares”, “dos funcionários fantasmas” [...]. Na
reta final, deste ano eleitoral, se evidenciam estratégias de cooptação dos eleitores.
É o eterno retorno da lógica em busca do voto. Assim, se explicita as
concessões salariais aos servidores municipais nos momentos finais da etapa do
jogo político. Além disso, à exemplo da gestão anterior, há inúmeras frentes de
trabalho: no autódromo, no aeroporto, na edificação de novas escolas e praças. Trabalhadores
e máquinas estão dispersos em toda parte do município. Mas, por que essas
coisas só acontecem em anos eleitorais? Perde com isso, o agricultor (minoria
votante) que precisa utilizar-se dos próprios recursos para reparar os estragos
das estradas rurais. Paradoxalmente, numa sociedade fragmentada, são muitos os
cidadãos que possuem dificuldades para compreender que o problema do campo é da
cidade também.
Finalmente, enfatiza-se o salutar aumento para mais
de duzentos mil eleitores na “cidade das cobras”. Esta conquista favorece o debate,
que por sua vez, potencializa a democracia e exige transparência para o bom
exercício da cidadania.
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