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segunda-feira, 11 de junho de 2012

A valorização dos imóveis




            Em Cascavel, uma das mais promissoras cidades do interior do Estado paranaense, observa-se a realização da especulação imobiliária. Por todos os lados ganha destaque o discurso acerca da valorização de imóveis no município que historicamente carrega o título de capital do oeste do Paraná. Nesta perspectiva, comumente encontramos cidadãos satisfeitos por terem adquiridos apartamentos, terrenos e casas que de maneira extraordinária passaram a valer mais num curto intervalo de tempo.
            Diante disso, é válido buscar saber o que se encontra na raiz destes acontecimentos, isto é, até quando essas perspectivas de ganho fácil irão continuar? Em linhas gerais, os especuladores imobiliários compram imóveis com o objetivo de venda ou aluguel na expectativa de valorá-los o mais rápido possível. Isso é propiciado hodiernamente, na medida em que o sistema econômico tem como uma de suas regras a Lei da oferta e da procura. Nesta esteira, empresas, grupos mercantis, compram imóveis em grandes proporções numa mesma localidade. A oferta, por conseguinte diminui e faz com que seus preços aumentem.
Constitucionalmente a propriedade privada é um direito que fundamenta a democracia moderna. No entanto, a exacerbação de tal direito não pode contrariar a legitimidade de todos conquistarem o seu “lugar ao sol”. Sendo assim a redução das residências a papéis em bolsas de valores é imoral e faz prevalecer o ditado que diz: “No capitalismo tudo tem um preço”.
            Neste prisma e com a aproximação das eleições, talvez apareçam algumas propostas de lei que visem inibir o simulacro que viabiliza a “mais valia imobiliária” que dificulta o sonho da casa própria ao cidadão pertencente à camada social verticalmente menos favorecida. A expectativa é a proposição de um fundo para a edificação de moradias populares, uma vez que em épocas eleitorais o voto daqueles que sofrem a violência da injustiça social faz a diferença.
            Todavia, o consenso é que a aquisição de bens imóveis representam um investimento de risco improvável e lucro multiplicado. Explicita-se, por sua vez, a ação das pessoas com capital excedente não investirem em áreas produtivas, quer seja na educação, no comércio, na indústria, afinal, atividades parasitas geram um lucro certo e seguro. Por isso, cabe indagar sobre o que de bom tais procedimentos oferecem para melhorar o equilíbrio social a médio e longo prazo?
            Infere-se, nesse mote, que os detentores do poder econômico dominam também cultural e politicamente. Portanto, a suspeita é que dificilmente a grande massa alienada que doa seu voto em troca de um churrasco, de um aperto de mão, de um asfalto, de uma conta de luz atrasada, conquistará uma lei que cobre uma taxa de excedente imobiliário dos que realizam de maneira inescrupulosa tais ações compensatórias. A saber, pensem o que representaria 7% para um fundo de construção de residências populares quando reajustado anualmente e cobrado dos colecionadores de imóveis.
Provavelmente, caso isso venha a ocorrer, adquirir terrenos, edificar casas e levantar apartamentos para vender/alugar, deixará de ser um investimento lucrativo. Os preços reduzirão de acordo com a ampliação da oferta dos mesmos. Nesse horizonte, quem sabe, as classes populares deixarão de ser empurradas para a periferia urbana. Por consequência, vislumbraremos a possibilidade de uma nova etapa social em que residir, nesse ou naquele bairro deixará de ser um símbolo de status quo, de diferenciação entre seres humanos.

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