Em
Cascavel, uma das mais promissoras cidades do interior do Estado paranaense,
observa-se a realização da especulação imobiliária. Por todos os lados ganha
destaque o discurso acerca da valorização de imóveis no município que historicamente
carrega o título de capital do oeste do Paraná. Nesta perspectiva, comumente
encontramos cidadãos satisfeitos por terem adquiridos apartamentos, terrenos e
casas que de maneira extraordinária passaram a valer mais num curto intervalo
de tempo.
Diante
disso, é válido buscar saber o que se encontra na raiz destes acontecimentos,
isto é, até quando essas perspectivas de ganho fácil irão continuar? Em linhas
gerais, os especuladores imobiliários compram imóveis com o objetivo de venda
ou aluguel na expectativa de valorá-los o mais rápido possível. Isso é
propiciado hodiernamente, na medida em que o sistema econômico tem como uma de
suas regras a Lei da oferta e da procura. Nesta esteira, empresas, grupos
mercantis, compram imóveis em grandes proporções numa mesma localidade. A
oferta, por conseguinte diminui e faz com que seus preços aumentem.
Constitucionalmente
a propriedade privada é um direito que fundamenta a democracia moderna. No
entanto, a exacerbação de tal direito não pode contrariar a legitimidade de
todos conquistarem o seu “lugar ao sol”. Sendo assim a redução das residências
a papéis em bolsas de valores é imoral e faz prevalecer o ditado que diz: “No
capitalismo tudo tem um preço”.
Neste
prisma e com a aproximação das eleições, talvez apareçam algumas propostas de
lei que visem inibir o simulacro que viabiliza a “mais valia imobiliária” que dificulta o sonho da casa própria ao cidadão
pertencente à camada social verticalmente menos favorecida. A expectativa é a
proposição de um fundo para a edificação de moradias populares, uma vez que em
épocas eleitorais o voto daqueles que sofrem a violência da injustiça social
faz a diferença.
Todavia,
o consenso é que a aquisição de bens imóveis representam um investimento de
risco improvável e lucro multiplicado. Explicita-se, por sua vez, a ação das
pessoas com capital excedente não investirem em áreas produtivas, quer seja na
educação, no comércio, na indústria, afinal, atividades parasitas geram um
lucro certo e seguro. Por isso, cabe indagar sobre o que de bom tais
procedimentos oferecem para melhorar o equilíbrio social a médio e longo prazo?
Infere-se,
nesse mote, que os detentores do poder econômico dominam também cultural e politicamente.
Portanto, a suspeita é que dificilmente a grande massa alienada que doa seu
voto em troca de um churrasco, de um aperto de mão, de um asfalto, de uma conta
de luz atrasada, conquistará uma lei que cobre uma taxa de excedente
imobiliário dos que realizam de maneira inescrupulosa tais ações compensatórias.
A saber, pensem o que representaria 7% para um fundo de construção de
residências populares quando reajustado anualmente e cobrado dos colecionadores
de imóveis.
Provavelmente,
caso isso venha a ocorrer, adquirir terrenos, edificar casas e levantar apartamentos
para vender/alugar, deixará de ser um investimento lucrativo. Os preços
reduzirão de acordo com a ampliação da oferta dos mesmos. Nesse horizonte, quem
sabe, as classes populares deixarão de ser empurradas para a periferia urbana. Por
consequência, vislumbraremos a possibilidade de uma nova etapa social em que
residir, nesse ou naquele bairro deixará de ser um símbolo de status quo, de diferenciação entre seres
humanos.
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