De origem
humilde, à luz do lampião de gás, no dia primeiro de setembro de 1910, treze
sujeitos fundaram o Sport Corinthians Paulista. Num intervalo de mais de cem
anos de instituição este time ampliou o número de seus fiéis torcedores que,
finalmente, conseguiram comemorar nas ruas, nos bares, do Brasil e do mundo, o
título tão esperado. O entusiasmo foi tanto que, no desejo de potencializar
este instante festivo, alguns excessos aconteceram. Lamentavelmente a “alegria
que contagia” se traduziu em episódios repulsivos e aterradores do tipo:
“Mecânico que atropela 22 torcedores corintianos não tinha carteira e havia
bebido”; “Em Cascavel jovem torcedor corintiano de 19 anos é assassinado em
plena Avenida Brasil enquanto comemorava na madrugada de quinta-feira (05/07) a
vitória da conquista”.
Observa-se, em
decorrência destes fatos, a atualidade da afirmação de Branko Nowackz que diz: “Se
o povo lesse sobre política como lê sobre esporte, se escalasse os governantes
como sabe escalar times, se brigasse pelos direitos como briga por futebol, a
vida no Brasil seria outra, o país seria outro!”. Especificamente, diante desse
turbilhão de empolgação pelo futebol e seus desdobramentos, nem sempre
positivos, importa indagar sobre o que conduz a população odiar tanto a
política e amar tanto o futebol? Como entender isso numa sociedade onde tudo é
feito para ser rapidamente consumido? Independente de compactuarmos ou não com
a realidade vigente, foi dada a partida. Em breve conheceremos os próximos
responsáveis pela administração do dinheiro público. A temporada de caça aos
votos está aberta. Novamente “o povo” passa a ter valor e precisa ser “enfeitiçado”.
Em todo Brasil o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabiliza mais de 200 mil candidatos. Por
princípio todo pretendente a um lugar ao sol é obrigado a adequar-se a justiça
eleitoral para não tornar-se inelegível. Em Cascavel, por exemplo, está
disponível a consulta do patrimônio de cada medalhão que busca conquistar o eleitor.
Em 2012, tal qual em 2008, sete são os personagens que disputam o título de
prefeito. Porém, agora têm segundo turno e a conjuntura política é singular. Enquanto
isso, para a câmara dos vereadores são 21 vagas. Então, dos 379 corredores (se
confirmados forem), 358 ficarão de fora, quem sabe com cargos de boa remuneração,
“tudo depende”. De qualquer forma, alguns cascavelenses começaram a apostar
acerca de quem serão os campeões nas urnas?
Por seu turno, algumas
manchetes explicitam a tônica de como o capitalismo se beneficia da panacéia
eleitoral: “Pode chegar a 50 milhões de reais o giro de capital das campanhas”;
“Quanto cada candidato vai gastar nessas eleições?”; Especulações a parte, tem
candidato que de longa data colocou seu arsenal em foco. Por isso, cabe ao comitê
de combate à corrupção eleitoral fiscalizar e juntamente com o apoio dos cidadãos
de boa vontade, denunciar, eventualmente, os abusos cometidos.
Em
meio a tudo isso, vale enfatizar que num mundo onde o descartável é valorizado
e o novo envelhece com rapidez, o viver tornou-se sinônimo de consumo. Sendo
assim, o desafio para o Corinthians é evitar o desmanche do time, enquanto para
os “novos eleitos” (vitoriosos no pleito eleitoral de 2012) a missão é não
deixarem-se contaminar com o vírus do poder que nunca se satisfaz plenamente. Em
última análise, os votos são para que ampliemos a coerência democrática. Por
meio dela, poderemos ser campeões de fato e de direito.
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