Total de visualizações de página

sexta-feira, 13 de julho de 2012

As raposas velhas






            Em Cascavel, ao caminhar pelas ruas do centro e da periferia, nota-se o esforço de quem trabalha para ser fiel nas suas responsabilidades. São inúmeros os pais e as mães preocupados em defender o sustento familiar e uma educação com qualidade para seus filhos. São infindáveis os pequenos e médios empresários que lutam para manter o seu comércio, a sua firma em atividade. São incontáveis os sujeitos indignados e que aspiram por mudança. Esse é o caso da afirmação de Herbert de Souza de que “o Brasil tem fome de ética e passa fome em consequência de falta de ética na política”.

Nessa direção é preocupante a mentalidade narcisista que favorece o espectro do capital, que vitimiza seres humanos nos Estados Unidos, na Europa e nos espreita. Mapeamentos sucintos demonstram que os pobres se encontram numa posição desfavorável e são os principais reféns, por um lado, da crise econômica e, por outro, dos políticos de carteirinha que usurpam o dinheiro público.

Estes são alguns dos indicativos que explicam, em partes, o fato do cidadão (contribuinte) lutar para manter seu patrimônio, enquanto aqueles que se dizem representantes da população ficam cada vez mais ricos. De acordo com o Portal da Transparência, de 2006 para 2008, entre as capitais, a Câmara Municipal de Fortaleza apresentou a maior média de enriquecimento entre os vereadores pesquisados. Neste quadro, fica a critério de cada um, querer saber qual foi o município recordista de 2008 para 2012. Além disso, é um exercício inteligente buscar anotar quem são os políticos corruptos e os que mais enriqueceram na dianteira das administrações públicas.

Os desafios são de todas as dimensões. Em tempos de eleição, aparecem seres iluminados que dizem ter a solução. Trata-se das raposas velhas que a um bom tempo militam (voluntariamente/remuneradamente) em favor de políticos eleitos, quem sabe, na esperança de um dia chegarem eles mesmos a ocuparem o posto de destaque. De qualquer modo, beneficiados pelo sistema, possuem trânsito livre por entre as periferias da cidade. Com um discurso envolvente e com um carisma adaptado a cada perfil comunitário, não titubeiam ao abraçar as pessoas humildes: crianças, adultos e pessoas da melhor idade. As promessas são sistemáticas e corroam sua empreitada beneficente.

No jogo de interesses a “máquina federal, estadual e municipal” é uma arma poderosa. Em âmbito local, temos o sujeito comum que declara amor eterno ao administrador por ter suas dívidas com a prefeitura amenizada e, por vezes, zerada. Quando favorecido, não se importa com quem multiplica seu patrimônio por meio da politicagem. Pelo contrário, acaba por aderir à ideia do “rouba, mas faz”. Diga-se de passagem, para aquele que possui apenas o trabalho para garantir a sobrevivência da família, um abraço e um pouco de atenção, tem um valor simbólico enorme. Prolifera-se, deste modo, o sujeito na aparência inconteste e que na realidade é um chamariz de votos para garantir que ex-vereadores continuem a aumentar milagrosamente suas riquezas na contramão da história e do equilíbrio social.

 Interessados no voto, raposas velhas, realizam um favor aqui e outro ali. Dominam a mente do eleitor e o colocam para trabalhar gratuitamente, às vezes, ingenuamente. Eis a atualidade das palavras de Raul Seixas: “é preciso ter cultura para cuspir nas estruturas”. Enquanto esse dia não chega, a fantasia corporifica-se e os “escorpiões do povo” se regozijam ás custas da miséria e da carência do cidadão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário