O
que escrever sobre esse ser contagiado pela magia, que em seu ventre gera
outras vidas? Como não se encantar com o dinamismo feminino que transforma as
noites sombrias em alento para a alma, pois é luz na caminhada? Quem poderá
entender a magia realizada pela mulher que ao vivenciar milhões de sentimentos
num só instante é capaz de transmiti-los no doce toque de um olhar? O fato é
que o ‘ser mulher’ combina com o maravilhoso mistério do existir.
Há
quem afirme (talvez inspirado em Blaise Pascal de que o coração tem razões que
a razão desconhece) que a mulher pensa com o coração, age pela emoção e vence
pelo amor. Ainda que o seu amado não perceba os detalhes, a mulher enfeita-se,
perfuma ‘o ninho do amor’. Diante da dor, das desventuras é forte o suficiente
para oferecer o ombro aos que possuem necessidade de desabafar, de chorar, de
consolo.
Entre
as mulheres, observa-se a cobrança que fazem de si na busca pela perfeição e,
por outro lado, o esforço para arrumarem desculpas perante os equívocos das
pessoas a quem ama. Elas, mesmo conscientes de que os filhos não lhes
pertencem, dão-lhe asas, desde pequenos os ensinam a arte de voar, apesar de
querer os filhos sempre ao seu entorno como a galinha e seus descendentes.
Destarte,
não é ‘natural’ o trabalho feminino valer menos que o realizado pelo sexo
masculino, isto é, por razões inerentes as diferenças biológicas. A
discriminação da mulher foi construída nas relações histórico-sociais em que o
capitalismo tirou proveito para manter a mulher no âmbito doméstico, no cuidado
com os filhos e, também, submetendo-a aos trabalhos de menor qualificação e
remuneração.
Por isso, o dia
8 de março foi dedicado em homenagem às mulheres no mundo, que na verdade
merecem gratidão e lembranças o ano inteiro. No entanto, esta data é muito mais
do que propõe o reducionismo mercadológico. Trata-se de um dia privilegiado
para a reflexão que visa à equalização entre o gênero feminino e masculino.
Os anos 70
entraram para a história do Brasil pela organização das mulheres em nome da
redemocratização do país e melhoria nas condições de trabalho do povo
brasileiro. Na década de 80, as mulheres ampliam sua participação nos
sindicatos, nos partidos políticos, nas comunidades no intuito de
contraporem-se a discriminação sofrida. Tal militância da feminilidade foi
decisiva e influenciou a Constituição Cidadã de 1988 na direção de proposições
de políticas públicas capazes de contribuir com a luta de emancipação do gênero
feminino. Com organização, as mulheres criaram os Conselhos dos Direitos da
Mulher, programas específicos de Saúde Integral e de Prevenção e atendimento às
vítimas de Violência Sexual e Doméstica. Conquistaram a aprovação de leis e
emendas orçamentárias, dentre as quais, destaca-se: Lei 9.100/95 e 9.504/97 que
estabelecem quotas mínimas e máximas por sexo para candidaturas nas eleições
proporcionais em cargos eletivos.
Em última
análise, a presença da mulher valoriza os ambientes. Ela exercita o cérebro sem
esconder o coração. Com seu ser ela impõe respeito, ama a vida em primeiro
lugar. Parabéns à todas as mulheres que lutam e labutam - sem perder a ternura
- pela igualdade de gênero, por uma nova sociedade.
Feliz o homem,
que conseguiu compreender, em algum momento de sua vida, a magnificência de uma
mulher. Nesta esteira, é preciso dar os pêsames ao homem que não sabe apreciar
o valor de sua mulher, pois a sua miopia abre precedente para que os outros
apreciem.
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