Nas igrejas, nas
ruas, nas escolas, na sociedade de modo geral, é salutar o consenso de que a Páscoa
liga-se à passagem de uma vida para outra vida. A Quaresma é um tempo de
oração, de preparação, para quem almeja realizar eficazmente a mudança, a
transformação. Os jovens no seu processo de desenvolvimento carecem saber que
não caminham sozinhos neste lançar-se rumo ao desconhecido.
Entre os jovens
observa-se a energia em ascensão, a vontade de acertar, a curiosidade no olhar,
o desejo de viver intensamente em cada momento, como se ele fosse o último.
Tudo é vivido com intensidade e, em meio a esse turbilhão transbordante de
vida, a decisão é difícil, porém necessária. Quem não decide não se responsabiliza
e, assim, corre o risco de permanecer uma criança eterna.
A juventude envolta
numa imensidão de possibilidades encontra dificuldades em optar. Na cultura
hodierna onde reina o hedonismo, o individualismo; as dúvidas desafiam
principalmente aqueles que se encontram na fase da descoberta, dos
encantamentos e estranhamentos diante das novidades de um mundo em constante
movimento. Na potencialidade do ‘vir a ser’ o jovem faz a experiência de ter de
escolher qual porta abrir, que janela utilizar, em qual caminho construir a sua
própria história.
A estrada é
longa e para não desanimar é preciso ter coragem de sonhar e se alegrar com as
coisas simples da vida (o cantar do pássaro, o balanço das árvores, a satisfação
de poder respirar, as brincadeiras com os amigos). Os sonhos alimentam a alma
daqueles que buscam ser responsáveis no enfrentamento dos obstáculos, dos
problemas a serem superados. Quem sabe se alegrar recarrega as energias para
superar as nuvens traiçoeiras que em maior ou menor grau atingem todos os seres
humanos.
Apostar
nas próprias capacidades, acreditar na vida e suas possibilidades, manter a
esperança diante dos imprevistos é condição para quem busca combater o bom
combate e guardar a crença na humanidade e seu poder criativo. Filosoficamente
toda saída é uma chegada. Todo findar é um começar. Nessa passagem é natural
que a juventude questione a relação intrínseca que existe entre o assumir
compromissos e o exercício da liberdade.
O
erro (o fracasso) é condição para todos aqueles que ousam arriscar. Não há nada
para temer. Thomas Edison realizou mais de mil tentativas antes de descobrir ao
certo como inventar a lâmpada elétrica de corrente contínua. Dizia ele, com
convicção: “Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de
vencer é tentar mais uma vez”. Ao aprender com os erros obteve sucesso. Moral
da história: é extremamente importante saber o que fazer e o que não fazer.
Quem não busca
acertar com medo de errar, esse sim é um fracassado. Neste sentido, é relevante
escutar o cantor Renato Russo que diz: “É melhor morrer em pé do que viver de
joelhos”. Vale recordar, também, que ‘depois da tempestade vem a bonança’. Dito
de outro modo, quando se considera tudo perdido, aparece algo para converter os
obstáculos em conquistas.
Enfim,
fica o apelo aos jovens neste período de quaresma, que “é pelo fogo que se
experimentam o outro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da
humilhação” (Eclesiástico 2,5). Isto é, a porta que conduz as alegrias passa
pelas dificuldades. Logo, quem deseja fazer a experiência da Páscoa precisa
estar disposto a viver dignamente a Quaresma. No fim os sonhos se tornam
realidade, se ainda não se concretizaram é porque o término não chegou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário