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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A edificação do Shopping e a abdução da vida

A história é composta por contradições econômicas, políticas e sociais que desencadeiam transformações. O processo histórico não é homogêneo e muito menos monolítico. A história liga-se a mudança e este olhar no retrovisor pode ajudar a humanidade entender que os recursos naturais não são inesgotáveis. Se nada for feito em favor da preservação, em breve, tudo pode se perder.
Consumir! Consumir! Consumir! Está é a palavra de ordem que escraviza e agride a todos. O ser é abduzido constantemente pelo ter. O capital não precisa do homem que pensa e sim do homem que consome. Parece que o transgênico do capitalismo dominou corações e mentes. Talvez isso explique o fato de alguns eleitos para representar a população procurarem adquirir um “carro novo” e colocam-se ao serviço do poder dominação. Em nome dos privilégios buscam agradar os donos do dinheiro e preparam estratégias para nas eleições seguintes estarem com a “cama feita”. Daí é só distribuir algumas promessas, entregar algumas dentaduras e convencer um número considerável de “laranjas” também saírem candidatos e ponto final.
Quem passa pela Avenida Brasil constata que inúmeros artífices - heterogêneos e fragmentados - progressivamente vão aos poucos dilapidando os recursos naturais transformando a paisagem. Com tais disparates, no limite, temos a cristalização do desejo exclusivista de capitalistas que procuram auferir riquezas. É a contradição explicitada pelo binômio da necessidade do desenvolvimento versus a urgência da sustentabilidade. Diante da investida dos homens, potencializados com suas máquinas, a natureza agoniza e paulatinamente cede lugar a ossificação do “templo do capital”.
Neste panorama, é mister a reflexão sobre o que tem levado as pessoas a não se indignarem mais diante das injustiças cometidas contra o meio ambiente e a humanidade em sua totalidade? Será que algum dia o ser “bípede, mamífero, com o telencéfalo altamente desenvolvido” compreenderá que os recursos naturais são imprescindíveis para a sua sobrevivência? Por que as obras acontecem sem uma contraposição daqueles que foram eleitos para defender os interesses dos cascavelenses? Cadê as faixas de protestos?
Em Cascavel um “Coliseu” está sendo edificado ligeiramente. Ele não se explica nele mesmo. Interesses antagônicos de classe estão em disputa e grande é a probabilidade do Lago Municipal desaparecer com mais rapidez do que indicavam as previsões. Neste dia, desculpas de modo pontual e focalizado surgirão, assim como a que acontece na atualidade referente aos atos de vandalismo no Colégio Estadual Jardim Interlagos. Busca-se um culpado sem levar em conta as condições históricas e materiais daquela localidade que sofre com o afastamento do Estado que se evidencia pelo distanciamento dos órgãos públicos.
A problemática exposta é colossal. Não tomar posição neste momento histórico é sinônimo de neutralidade. Ser indiferente à destruição do manancial de nossos rios é colocar-se favorável a sua extinção. Todo conhecimento nos torna responsável e exige a tomada de atitude. Neste sentido, é salutar a reflexão proposta por Bertolt Brecht que diz: “Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada. Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada. Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”.

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