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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Quem é o homem na sociedade do Capital?




            Há quem diga que vivemos numa sociedade que se assemelha a um ornitorrinco e, portanto, é complexa a sua definição. Permeada por conflitos diversos, estruturada a partir de interesses antagônicos a sociedade do capital busca naturalizar-se. Por isso, a ideia do contrário é extremamente necessária para rompermos com a massificação da ideologia que reduz a felicidade a uma capacidade de consumo, que prega o individualismo como melhor estilo de vida, que defende a liberdade estritamente mercadológica. Ganha com essa mentalidade uma elite privilegiada em detrimento da classe popular, manipulada e vilipendiada.
Importa salientar, apesar de trivial, que nem todos conseguem perceber a falácia da meritocracia que valoriza os méritos ao considerar que todos se encontram num patamar de condições materiais equivalentes. Entretanto, na concorrência para vencer na vida, para alcançar o sucesso, uns vão com “muletas” enquanto outros saem com uma “Ferrari”. Ora, nem precisamos esperar o final da corrida para sabermos quem será o vencedor. Sendo assim, o que leva alguns educadores, formadores de opinião, abraçarem tão ardorosamente as ideias que justificam e legalizam a manutenção dos privilégios sociais? Como superar o poder da televisão que faz a exceção virar regra com seu canto de sereia?  
Já é passada a hora de ampliarmos a nossa capacidade de indagação se queremos compreender como funciona a organização social, econômica e política da contemporaneidade. Para alimentar sua lógica de domínio, o capital precisa que o trabalhador deseje consumir, tanto quanto os sujeitos pertencentes à elite social. O discurso dominante associa a identidade da pessoa com aquilo que ela produz. Quem produz para comprar um “Audi” é mais valorizado do que aquele que só conseguiu comprar um “corcel 73”. Com isso, utilizando-se de inúmeros recursos de persuasão vemos que as diferenças entre as classes são ocultadas e a exploração econômica é maximizada.
Karl Marx foi um estudioso dos movimentos do capital. Hoje esse modelo econômico e social representa uma incógnita. No entanto, a compreensão da identidade do homem passa também pela dissecação do funcionamento da sociedade fantasmagórica. Cabe questionar quem são os professores no modo de organização social que valoriza a aparência em prejuízo da essência? Quem são os estudantes? Quem são os cidadãos conscientes de que a lógica do capital ameaça à existência do próprio planeta terra? A sociedade que temos pelo trabalho foi construída. Metaforicamente alguns ousam compará-la como um camaleão devido a sua característica de metamorfose constante. Por isso, formar pessoas críticas exige cada vez mais dos sujeitos comprometidos com os rumos da humanidade.
Legitimamos, na sociedade do consumo, em todo momento a ideia de que tudo se transforma em mercadoria. Nesse modo de organização social para viver uns precisam vender a força de trabalho (quem compra fica com o lucro). O trabalhador fica feliz quando encontra alguém que aceite comprar a sua energia produtiva. Exemplifica-se, deste modo, a alegria dos haitianos ao conquistarem postos de trabalho na cidade de Cascavel. Dentre outras possibilidades interpretativas, o fato é que o trabalho é uma categoria central, por meio do qual, nos compreendemos enquanto sujeitos históricos.
Minimamente, sem concluir o debate, espera-se que este texto contribua com a reflexão em torno da formação do indivíduo em um cidadão radicalmente democrático.

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