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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Fogo e seu Revés




As Pedras-Filosóficas que estiveram no auditório da Faculdade esteticamente enfeitada no mármore (e as que assistiram pela televisão) perceberam a união das forças políticas (Foice, Tesoura, ‘Martelo’, Água, Areia e Vento), empenhadas em enfraquecer o Fogo na sua retórica metafísica. O objetivo era desnudar as peripécias daquele que havia feito do vilarejo serpentino uma empresa lucrativa para sua família e aliados. Na luta contra o poderoso Golias (dissimulado, falastrão e tergiversador) sobressaiu os descendentes de Davi.
            Na guerra verbalizada veio à tona o gargalo do trânsito, da educação, da saúde, da falta de segurança, do abandono das estradas rurais. Por diversos ângulos e diferentes enfoques discutiram o superfaturamento, as fraudes que inviabilizaram a realização de tantas outras obras. Do Fogo e seus comparsas foi cobrado o desfecho da CPI da propina (mensalão local). Por que somente na época das campanhas eleitorais as praças são feitas e os remédios são fornecidos indiscriminadamente? Se no tempo da Água 35 milhões foram destinados para o Contorno Oeste e 7 milhões para o Teatro Municipal, por que eles ainda não ficaram prontos? Quem sabe nas terras serpentárias exista a sangria do dinheiro público, logo, a união dos elementos tornou-se vital para contrapor-se a farra das divisas escusas que mantinham as Pedras-Periféricas na poeira, no barro e no abandono.
Mesmo diante deste quadro fraudulento e nojento, os favorecidos com o senhorio do Fogo comemoravam que a eleição estava ganha e no “papo”. Entretanto, depois daquele confronto discursivo os devotos mais próximos notaram que as coisas não seriam tão simples. A cada dia aumentava o número das Pedras-Formiguinhas que passavam a vislumbrar o feitiço do Fogo ganancioso e, neste mote, os “cães leais” observavam a diminuição da influência da crença: “Ele rouba, mas faz”.
Deste modo, o Fogo perdia seu brilho. Sua esperança permanecia baseada no postulado de que as Pedras-Trabalhadoras não pensam e que bastava continuar investindo no emocional. Isso explicava o fato de naquela região ecoar tamanha alienação: “se mil vezes o Fogo é candidato, mil vezes eu voto nele”. Nestas horas vale o ditado de que “algumas vezes o melhor jeito de convencer alguém que está errado é deixá-lo seguir seu caminho”.
            A nota dez, por obséquio, é auferida ao Vento que fez valer o dito popular de que “não está morto quem peleia”. Diante do gabar-se do Fogo de que iria emprestar milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ela veemente comentou: “[...] e se o dólar disparar quem vai conseguir pagar essa dívida. Ah! coitadinho dos cascavelenses”. O Fogo, nocauteado, parecia explodir de vermelhidão.
Sem sucesso o Fogo buscava queimar a Areia e derreter a Foice que se defenderam exemplarmente. Restava ainda ao Areia o desafio de desvencilhar-se do estigma de laranja. Do mesmo modo, a Foice (com suas propostas viáveis) precisava esclarecer aos seus iguais de que pode contribuir muito mais com o interesse do coletivo das Pedras-Cidadãs na dianteira do município.
            Como um guerreiro solitário o candidato Martelo alfinetou e chicoteou a todos. A Água quis endeusar-se e foi puxada pelos companheiros da união contra a corrupção. A Tesoura despediu-se elencando tudo o que faltava no Reino, inclusive administrador. Dentre outras coisas, este debate serviu para demonstrar que os apoiadores do Fogo só o fazem por ingenuidade ou por serem beneficiados direta ou indiretamente.

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