Na
fila do banco, no supermercado, na farmácia, na panificadora, no cinema, nos
hospitais, proliferam-se os diálogos e discussões acerca do arrastão ocasionado
pela onda de violência social que democraticamente atinge a totalidade da
sociedade.
De modo
particular, em Cascavel vivemos experiências de “dias tumultuados” e estes
corroboram com o aumento do número das pessoas que se colocam favoráveis à
diminuição da maioridade penal. Entretanto, será que reduzir de 18 para 16, 14
ou 12 a idade de conduzir um jovem para a cadeia é a melhor solução? O
adolescente em conflito com a lei é réu ou uma vítima da exclusão social?
Num mundo onde o
consumismo frenético é estimulado insanamente pelos meios de comunicação social
os valores morais são pulverizados. Diante disso, é uma ilusão pensar que tal
projeto de lei que penaliza, transformará os jovens infratores, em cidadãos
produtivos e responsáveis. Além disso, segundo o presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coelho não faz sentido transferir os
adolescentes para essa realidade, pois o sistema carcerário não realiza sua
finalidade de recuperação e resocialização.
Com o escopo de
entender um pouco mais essa problemática social, estudantes do Ceebja/Cascavel
debateram e expressaram suas posições concernentes ao tema da maioridade penal
e da violência que assola pelo mundo afora. De acordo com o estudante Jhones a “lei
que visa diminuir a maioridade penal não compensa, ela só vai aumentar ainda
mais o crime”. Nesta esteira, completa o atencioso estudante Lucas: “Para
resolver o problema da criminalidade é preciso investir na educação, dar
melhores condições de vida para os adolescentes, ao invés de gastarem com a condenação
dos menores de idade”. Jamil, por sua vez, acrescenta: “A solução para diminuir
os crimes de menores infratores é oportunidade de trabalho; curso
profissionalizante; ensino de qualidade; palestras incentivadoras etc”.
De
acordo com especialistas na área da psicologia o adolescente em situação de
vulnerabilidade social necessita de educação e acompanhamento para corrigir-se
e voltar ao convívio social. Sua personalidade não está completamente formada,
logo o jovem carece de disciplina e nunca pode ser tratado como um bandido.
Caso contrário, se pressupõem que ele pode assumir para si tal condição de
criminoso e comportar-se cada vez pior.
Em
verdade, políticos que prometem endurecer o combate ao crime quase sempre
conseguem êxito nos pleitos eletivos, porém, por que o exemplo nem sempre vem
destes que se proclamam arautos da moral e dos bons costumes? Diante de tantos
dizeres acaba-se por esquecer que a prevenção é o mais importante e eficaz
mecanismo contra todo tipo de violência. Ações que canalizem energias em algo
que seja gratificante para si e para a humanidade.
Portanto, sem
concluir o assunto e com todo respeito ao contrário, nos alinhamos na luta do
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP) que é contra à redução da
idade penal de 18 para 16 anos. Segundo estes “o futuro do Brasil não merece
cadeia”. A mudança da idade penal desvia a opinião pública das causas reais da
violência e transforma o jovem e adolescente em bode expiatório. Assim sendo e
conforme Sérgio Kreuz, “quando um jovem pratica um ato infracional grave,
deveríamos todos estar envergonhados pela nossa incompetência, porque não
conseguimos dar a esse jovem alternativas”.
Para mudar essa
história é preciso ter coragem.
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