A
partir dos séculos XVI e XVII, ocorreu na Europa a intitulada Revolução
Cultural, cujas características principais foram a valorização da razão (do
questionamento), a crítica aos privilégios da nobreza e do clero, a defesa da
liberdade política e da igualdade de todos perante a lei revolucionou os
costumes, o modo do ser humano relacionar-se consigo, com o outro e com a natureza.
As relações servis de produção sucumbiram diante das relações capitalistas.
O
espírito iluminista revolucionou a humanidade, pautado na promessa de um mundo
melhor para todos. Apostou no sujeito pensante, iluminado pelas “luzes da
razão”. Acreditou na busca pela autonomia, no equilíbrio com a natureza
enquanto condição de uma vida plena e feliz.
No
entanto e no limiar do século XXI, os seres humanos não estão realizados (na
sua maioria); imersos numa vida cerceada pela escuridão da ignorância, da violência,
da manipulação midiática, vivenciam “na carne” a exploração do trabalho que
desemboca na concentração de renda e, que no limite, acena para as crises
cíclicas do sistema capitalista. Enfim, uma nova cultura está por ser
instaurada. O individualismo, o querer tirar vantagens em tudo, assinala, em
última instância, para a abreviação da experiência humana na terra.
Das
promessas iluministas muitas coisas não aconteceram. E o que vemos na sociedade
do capital? Roubos, genocídio, miséria, intolerância, guerras, injustiças
sociais. A realidade contraditória impõe a reflexão em torno de novas
possibilidades. Neste sentido, a economia solidária apresenta-se como uma
possível solução.
De acordo com
Elza de Jesus, Juliana de Marchi e Márcia Boeira a economia solidária “é uma
forma de produção comunitária que trabalha em prol de todos sem visar lucros;
sem se pautar na exploração do trabalhador”. Na perspectiva de Edieni
Rodrigues, Marinês Scheiber e Vera de Oliveira a “economia solidária como um processo
de trabalho de reaproveitamento da produção, autogestão e valorização da
cultura das famílias envolvidas, tendo em vista experiências que estão sendo
realizadas”. Numa cultura assim, explicitam Tania Henz, Dilamar Menegazzi e
Irene Souza de que na economia solidária “o consumo é responsável e consciente
visando à sustentabilidade e produção saudável para a boa qualidade de vida aos
consumidores”. Do seu modo, Neusa
Abrozino e Nilva da Silva observam que a “economia solidária preocupa-se com a
produção e satisfação das necessidades e os recursos disponíveis, uma realidade
presente em diversos espaços sociais”.
Nesse
diapasão, Lia Barbosa, Moisés Sens e Patrícia Defacci consideram que “montar
uma cooperativa com este pensamento coletivo, é uma forma de ruptura do
pensamento dominante e predominante da atual conjuntura e estrutura social”.
Coopera, neste sentido, a percepção de Renata Mouro e Eliane Veron, para quem a
economia solidária “vêm de encontro com a práxis educativo-libertadora, e com
essa surge múltiplas possibilidades, sendo assim uma dinâmica em construção”.
Acrescentam,
ainda, Cristiane do Prado e Suiany Albiero, que “a economia solidária pode ser
considerada importante, pois nasce com o intuito de incluir trabalhadores e
trabalhadoras de forma coletiva e não explorada para através do trabalho gerar
renda para eles e suas famílias de forma justa e igualitária”.
Em suma, as
pessoas carecem de solidariedade na economia, na sociedade, nas relações
interpessoais. Um outro mundo é possível.
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